Gratidão
Naquela manhã de sábado, tava procurando um presente pela Main Street do São Brás, quando entrei numa daquelas lojas de bijuterias, onde parece em que tudo são laços e fitas, de preferência cor de rosa. La vie en rose.
Quando pus o pé na porta, as duas mocinhas olharam pra mim, com os olhos arregalados e exclamaram com felicidade: excelente dia!!!
Eu sou do tempo do Bamba, do Banestado e do Bolimbolacho. Pra mim é: bom dia, boa tarde, boa noite, amor.
Procurei o que queria, com a ajuda da presteza das duas moças, que deram bastante atenção e palpites furados, pois não entenderam o que eu precisava comprar.
Ao sair da loja, sem comprar nada, as duas, sorridentes e com os olhos arregalados, disseram ao mesmo tempo, em alto e bom som: tenha um excelente dia, gratidão!!!
Sorri e saí de lá meio confuso, pensando se deveria ter respondido: excelente dia e gratidão pra vocês também! Achei que poderia parecer provocação.
O que fizeram com o valoroso obrigado, com saudoso bom dia e com a velha e antiga espontaneidade? Será que o problema tá na água, na falta dela ou em mim?
