Cantando na Chuva
Atualizado: 24 de mar. de 2021
Estávamos a alguns dias do Natal e nos encontraríamos com dois casais amigos no finado Scavollo, no Batel pra, antecipadamente, comemorarmos a data juntos.
Eram a Lúcia e o Flávio, que há muito não vemos e Isabel e Paulo, hoje nossos compadres, que por causa da pandemia, há tempo, não nos encontramos.
Pareceu-nos de bom-tom levarmos um presentinho de Natal pra cada casal e assim o fizemos.
Fomos os únicos a ter essa ideia, todos gostaram da lembrança e o jantar tava muito bom.
Numa outra noite, fria e chuvosa, típica de Curitiba, estávamos nós e a Fernanda, então uma menininha, deitados no chão, sob cobertas, assistindo um filme no vídeo.
Não havíamos construído nossa casa ainda e por isso morávamos na edícula, com um tapume fechando a frente.
Começamos a ouvir, lá no fundo, junto com o filme, uma música. Comentei com Raquel, que os vizinhos tavam animados. Deviam estar dando uma festa.
A música continuou e já tava até atrapalhando o filme, quando o tijolo ao lado, que na época era pra nós um celular portátil, tocou.
Quando atendi, a mesma música que távamos ouvindo, tocava mais alto no telefone. Eram nossos amigos trazendo sua réplica de presente de Natal: uma serenata sob a chuva, ignorada pelos destinatários.
Quando a ficha caiu, levantamos num pulo, colocamos bermudas e fomos lá correndo abrir o portão.
Os seresteiros tavam encharcados, pingando água, vertendo barro pelos sapatos e rindo muito.
Aquela noite foi celebrada com muita alegria, descontração e muita água e sabão no tanque pra lavar todos aqueles sapatos.
Um presente inesquecível, que dura até hoje.
