Álbuns
Parece que não, mas houve um tempo em que as pessoas saiam de casa e quando viajavam e gostavam muito de alguma coisa, registravam aquele momento, tirando fotos.
Elas eram poucas e valiosas. Os filmes, caros e limitados e a revelação, mais cara ainda e feita somente depois da viagem.
Devido à demora, o dia em que elas ficavam prontas, era um grande acontecimento. Ficava-se muito feliz por reviver os momentos da captura das fotos e muito frustrado quando elas se revelavam tremidas, escuras ou simplesmente desapareciam. Refazê-las seria impossível.
A próxima etapa era separar o joio do trigo, escondendo ou até rasgando aquelas mais ingratas, que ocultavam nossa real beleza.
Marcava-se uma ou várias reuniões pra que as fotos pudessem ser vistas, admiradas e comentadas.
As pessoas naquela época, também costumavam se visitar. Iam umas à casa das outras, às vezes até sem avisar. Simplesmente apareciam do nada...
No encontro, a sequência dos álbuns permitia reviver a viagem. Histórias sobre as fotos eram contadas e compartilhadas.
Quando se tinha tempo e coragem, era possível até brincar com fotos rejeitadas, tíquetes, folhetos, embalagens e lembranças trazidas da viagem, fazendo colagens na capa dos álbuns, que eram passados de mão em mão, junto à xícaras de café, copos de refrigerantes ou taças de vinho.
Penso que não era melhor nem pior do que agora, era apenas diferente. De um jeito que não volta mais...
